Projeto divulgado pelo Estado prevê requalificação de mais de 200 ruas.
Uneb planeja expandir atuação no Pelourinho, a fim de dinamizar região.
Ruas esburacadas, passeios mal conservados e falta de acessibilidade para pessoas com deficiência. Essas são queixas recorrentes de moradores e turistas que circulam no Centro Antigo de Salvador, região composta por 11 bairros que abrigam uma média de 77 mil pessoas em uma área composta por 6,45 km².
Quatro dias após o governo ter anunciado um projeto de requalificação de 200 ruas do território, oG1 visitou as localidades dos Barris, Tororó, Saúde e Santo Antônio Além do Carmo, por onde foram iniciadas as obras de revitalização, na segunda-feira (27). No local, a reportagem encontrou moradores com queixas antigas e reclamações relacionadas a uma suposta falta de participação popular na elaboração do projeto, que usa recursos do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). Apesar dos questionamentos, a expectativa pelas mudanças é grande.
No Tororó, uma das regiões visitadas foi a Rua José Duarte, localidade contemplada pelo projeto e que abriga o Hospital Martagão Gesteira, unidade médica pediátrica que atende pessoas de todo o estado. Acesso de pacientes, a calçada do espaço filantrópico apresenta problemas como o excesso de buracos. "É necessária uma reforma aqui. Está muito abandonado. Tem muitos pais, por exemplo, que chegam com os filhos em cadeiras de rodas e encontram dificuldades. O passeio está muito esburacado", diz Fabiana Cristina. Moradora do bairro de Tancredo Neves, semanalmente leva a filha para fazer tratamento na unidade médica.
Aline Catiele, de 30 anos, moradora da região do Tororó, relata que a revitalização nas ruas do Centro Antigo é uma reivindicação antiga. "É notório que a região do Centro Antigo precisa de uma reforma urgente. Temos uma vizinha aqui que, por falta de ação pública, reformou a calçada por conta própria. Aqui é uma região onde moram muitos idosos. É um risco", afirma.
No Largo da Saúde, o taxista Wellington Brito também relata problemas na manutenção das ruas. "Aqui tem dois grandes problemas. As bocas de lobo estão sempre entupidas. Quando chove, isso aqui tudo alaga. Sou taxista aqui na região e as senhoras que atendo sempre falam das calçadas. Elas dizem que deixam de sair de casa. Dizem que essas pedras são históricas, mas ninguém cuida", diz Brito.
No Santo Antônio Além do Carmo, as queixas se repetem. "Moro aqui desde 1982 e sempre foi assim. Nunca vi uma requalificação nesta rua. Espero mesmo que a essa região seja atendida pelo projeto", espera Maria Aparecida.
Participação Popular
Nildes Sena, membro da Associação de Amigos e Moradores da Chácara Santo Antônio, diz que os moradores não foram chamados a participar da elaboração do projeto. "Claro que é necessária [a requalificação], mas não fomos chamados para essa conversa", afirma.
Para Nildes, a região do Centro Antigo precisa de projetos que pensem na vida dos moradores, além do turismo e negócios. "A vida do Centro Antigo é os moradores. Em relação aos imóveis, por exemplo, fala-se muito em recuperação das fachadas. Isso é maquiagem. Não se fala em recuperação de estruturas", afirma.
A Diretoria do Centro Antigo de Salvador (Dircas), que está vinculada à Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder), nega que o projeto não tenha escutado os moradores.
O órgão destaca que a requalificação começou a ser planejada em 2007 e contou com a participação de diversas entidades da sociedade civil. Dentre elas: Associação dos Moradores e Amigos do Centro Histórico, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Fórum Municipal para o Desenvolvimento Sustentável do Centro, Pestana Convento do Carmo, Projeto Abraço Fraterno e Universidade Federal da Bahia (Ufba).
Para a diretora da Dircas, Beatriz Lima, o projeto de requalificação soma a necessidade de melhoria da qualidade de vida dos moradores com o interesse de que novos negócios cheguem à região e movimentem a economia do estado. "Tudo isso se soma atraindo investimentos públicos e privados. O projeto vai dar uma nova cara à região do Centro", diz.
Uneb planeja expandir atuação no Pelourinho, a fim de dinamizar região.
Calçamento irregular no bairro de Santo Antônio Além do Carmo (Foto: Henrique Mendes / G1) |
Quatro dias após o governo ter anunciado um projeto de requalificação de 200 ruas do território, oG1 visitou as localidades dos Barris, Tororó, Saúde e Santo Antônio Além do Carmo, por onde foram iniciadas as obras de revitalização, na segunda-feira (27). No local, a reportagem encontrou moradores com queixas antigas e reclamações relacionadas a uma suposta falta de participação popular na elaboração do projeto, que usa recursos do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). Apesar dos questionamentos, a expectativa pelas mudanças é grande.
No Tororó, uma das regiões visitadas foi a Rua José Duarte, localidade contemplada pelo projeto e que abriga o Hospital Martagão Gesteira, unidade médica pediátrica que atende pessoas de todo o estado. Acesso de pacientes, a calçada do espaço filantrópico apresenta problemas como o excesso de buracos. "É necessária uma reforma aqui. Está muito abandonado. Tem muitos pais, por exemplo, que chegam com os filhos em cadeiras de rodas e encontram dificuldades. O passeio está muito esburacado", diz Fabiana Cristina. Moradora do bairro de Tancredo Neves, semanalmente leva a filha para fazer tratamento na unidade médica.
Aline Catiele, de 30 anos, moradora da região do Tororó, relata que a revitalização nas ruas do Centro Antigo é uma reivindicação antiga. "É notório que a região do Centro Antigo precisa de uma reforma urgente. Temos uma vizinha aqui que, por falta de ação pública, reformou a calçada por conta própria. Aqui é uma região onde moram muitos idosos. É um risco", afirma.
No Largo da Saúde, o taxista Wellington Brito também relata problemas na manutenção das ruas. "Aqui tem dois grandes problemas. As bocas de lobo estão sempre entupidas. Quando chove, isso aqui tudo alaga. Sou taxista aqui na região e as senhoras que atendo sempre falam das calçadas. Elas dizem que deixam de sair de casa. Dizem que essas pedras são históricas, mas ninguém cuida", diz Brito.
No Santo Antônio Além do Carmo, as queixas se repetem. "Moro aqui desde 1982 e sempre foi assim. Nunca vi uma requalificação nesta rua. Espero mesmo que a essa região seja atendida pelo projeto", espera Maria Aparecida.
Participação Popular
Nildes Sena, membro da Associação de Amigos e Moradores da Chácara Santo Antônio, diz que os moradores não foram chamados a participar da elaboração do projeto. "Claro que é necessária [a requalificação], mas não fomos chamados para essa conversa", afirma.
Para Nildes, a região do Centro Antigo precisa de projetos que pensem na vida dos moradores, além do turismo e negócios. "A vida do Centro Antigo é os moradores. Em relação aos imóveis, por exemplo, fala-se muito em recuperação das fachadas. Isso é maquiagem. Não se fala em recuperação de estruturas", afirma.
A Diretoria do Centro Antigo de Salvador (Dircas), que está vinculada à Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder), nega que o projeto não tenha escutado os moradores.
O órgão destaca que a requalificação começou a ser planejada em 2007 e contou com a participação de diversas entidades da sociedade civil. Dentre elas: Associação dos Moradores e Amigos do Centro Histórico, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Fórum Municipal para o Desenvolvimento Sustentável do Centro, Pestana Convento do Carmo, Projeto Abraço Fraterno e Universidade Federal da Bahia (Ufba).
Para a diretora da Dircas, Beatriz Lima, o projeto de requalificação soma a necessidade de melhoria da qualidade de vida dos moradores com o interesse de que novos negócios cheguem à região e movimentem a economia do estado. "Tudo isso se soma atraindo investimentos públicos e privados. O projeto vai dar uma nova cara à região do Centro", diz.
Beatriz Lima detalha que o projeto de requalificação foi dividido em cinco lotes. O primeiro compreende mudanças em 54 ruas dos bairros do Comércio e Calçada; o segundo prevê reformas em 82 ruas dos bairros do Centro, Campo Grande, parte de Nazaré e Politeama; o terceiro está relacionado a 84 vias dos bairros da Saúde, parte do Santo Antônio Além do Carmo, Barris e Tororó; o quarto compreende mais oito ruas do Santo Antônio Além do Carmo; o último lote planeja requalificação de 39 vias dos bairros da Piedade, parte de Nazaré, Macaúbas, Soledade e Lapinha.
Ao todo, o projeto está orçado em R$ 123 milhões e deve requalificar mais de 200 ruas do Centro Antigo. As obras foram iniciadas por meio do Lote 3, que já teve a autorização para início dos serviços expedidos pela Secretaria Municipal de Urbanismo (Sucom). O lote prevê a requalificação de 84 ruas e custos de R$ 26 milhões. [Confira no final da reportagem os nomes das ruas que compõem o Lote 3]
Rua com calçamento irregular nos Barris (Foto: Henrique Mendes / G1) |
Conforme a Secretaria Municipal de Urbanismo (Sucom), os projetos de Lote 1, 2, e 5 do Plano de Reabilitação do Centro Antigo de Salvador estão em processo de licenciamento municipal, sendo avaliados, no momento, por técnicos da Superintendência de Trânsito de Salvador (Transalvador) e da Secretaria de Infraestrutura e Defesa Civil (Sindec). Sobre o Lote 4, a Sucom diz que ainda não houve solicitação para liberação de alvará.
A Sucom afirma ainda que os projetos também serão analisados pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), visto que algumas obras contemplarão espaços protegidos pelo órgão. Procurado pelo G1, o Iphan disse apenas que o projeto foi aprovado e que será desenvolvido por meio de Plano de Aceleração do Crescimento (PAC2).
Campus da Uneb, no bairro do Cabula (Foto: Reprodução/TV Bahia) |
Durante lançamento do projeto de requalificação, o governador Rui Costa disse que sugeriu ao reitor da Universidade do Estado da Bahia (Uneb) que escolhesse um dos prédios do estado no Centro Antigo para abrigar um campus da instituição. Para além da reforma das ruas, a ideia é estimular a movimentação de pessoas e o fluxo comercial da localidade.
Em entrevista ao G1, o reitor da Uneb, José Bites de Carvalho, revela interesse da instituição em expandir a atuação na região do Centro Antigo, numa ação integrada ao projeto de revitalização proposto pelo Governo. De concreto, Carvalho antecipa que está formalizando junto à Procuradoria Jurídica do Estado os trâmites para a ocupação do prédio onde funcionava o Instituto Mauá, no Pelourinho. A previsão da Uneb é de que o espaço abrigue serviços da Universidade como o Centro do Instituto de Gêneros, a assessoria de Cultura, a secretaria de Relações Internacionais e um gabinete relacionado à reitoria. "Pretendemos, no máximo, em setembro já estar instalando lá esses setores", afirma.
Fora isso, a Universidade tem o interesse de retirar as atividades administrativas do Campus I, no bairro do Cabula, em Salvador. A pretensão é expandir no local os cursos de graduação e pós-graduação. Para que isso seja possível, a Uneb estuda a possibilidade de deslocar a reitoria, a pró-reitoria, as secretarias especiais e os centros de pesquisa para sede da antiga Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), em Itapuã, ou para prédios do estado localizados na região do Pelourinho.
Uneb quer expandir atividades no Pelourinho (Foto: Henrique Mendes / G1) |
Em relação à parte acadêmica, José Bites de Carvalho fala sobre o interesse de levar para a região do Pelourinho os cursos de dança e teatro. "Estamos olhando alguns outros prédios lá que estão desocupados. Ali por perto, tem uma escola que apresentamos interesse: a Vivaldo Costa Lima. Tem outros dois prédios próximos à Praça do Cruzeiro", disse.
Além das previsões de deslocamento de setores administrativos para o Pelourinho, o reitor destaca que algumas estruturas institucionais já funcionam no Centro Histórico. É o caso da Pró-Reitoria de Ações Afirmativas e do Centro de Estudos dos Povos Afro-Índio-Americanos (CEPAIA), que funcionam em frente ao Convento do Carmo.
"Em todos os aspectos eu vejo como positiva [a ação de deslocamento para o Centro Histórico]. Primeiro, pela participação da Universidade nesse lugar de destaque. Outro ponto fundamental é a própria revitalização. A Universidade funciona em todos os turnos, com número grande de pessoas trabalhando, circulando", fala sobre o dinamismo que a instalação de unidades da instituição deve promover na região.
CONFIRA A LISTA COMPLETA DE RUAS QUE COMPÕEM O LOTE 3, DO PLANO DE REABILITAÇÃO DO CENTRO ANTIGO DE SALVADOR
RUAS DA SAÚDE E SANTO ANTÔNIO ALÉM DO CARMO
LADEIRA DA SAÚDE
LADEIRA DO HOSPITAL
LARGO DA GLÓRIA
LARGO DA SAÚDE
PRAÇA CONS. ALMEIDA COUTO (L. NAZARÉ)
RUA CONSTÂNCIO ALVES
RUA DA COVA DA ONÇA
RUA DA GLÓRIA
RUA DA JAQUEIRA
RUA DO ALVO
RUA DO JENIPAPEIRO
RUA GÓES CALMON
RUA JOGO DO CARNEIRO
RUA JOGO DO LOURENÇO
RUA NOVA GODINHO
RUA LAURO MULLER
RUA PEDRO RODRIGUES BANDEIRA
TRAVESSA CONSTÂNCIO ALVES
TRAVESSA DA GLÓRIA
LADEIRA DO AQUIDABÃ
LADEIRA DO FERRÃO
LADEIRA RAMOS DE QUEIROZ
LADEIRA DO ARCO
RUA CAMINHO NOVO DO TABOÃO
RUA DO TABUÃO (INCLUINDO A LADEIRA)
RUA DOS ADOBES
RUA DOS MARCHANTES
RUA ENGENHEIRO JOÃO PIMENTA BASTOS
RUA MANOEL CAETANO
RUA SIQUEIRA CAMPOS (DOS CURRAIS VELHOS)
CORREDOR DA LAPINHA
LADEIRA DA ÁGUA BRUSCA
RUA AUGUSTO GUIMARÃES (LAD. DA SOLEDADE)
RUA DO BALUARTE (INCLUINDO A LADEIRA)
RUA DOS CARVÕES
RUA DOS OSSOS
RUA DOS PERDÕES
RUA FREDERICO HART
RUA PROFESSOR PALMA
RUA SÃO JOSÉ DE BAIXO
RUA SÃO JOSÉ DE CIMA
RUA VITAL REGO
TRAVESSA CONDE DA PALMA
TRAVESSA DOS PERDÕES
TRAVESSA JOSÉ BAHIA
TORORÓ
RUA JOSÉ DUARTE
PRAÇA DODÔ E OSMAR
RUA AMPARO DO TORORÓ
RUA ISMAEL RIBEIRO
TRAVESSA ELOY GUIMARÃES
TRAVESSA FLORENCIO DOS PASSOS
RUA CAPELINHA DO TORORÓ
LARGO CAPELINHA DO TORORÓ
RUA MESQUITA DO TORORÓ
AVENIDA BARONESA DE CIMA
AVENIDA BARONESA DE BAIXO
RUA FUTURO DO TORORÓ
RUA MARUJOS DO BRASIL
RUA CRUZADOR BAHIA
BOULEVARD PEDRO VELOSO GORDILHO
RUA FRANCISCO FERRARO
RUA GALDINO FRANKLIN BANDEIRA
RUA MONS. RUBENS MESQUITA
BOULEVARD AMERICA
RUA ARQUIMEDES GONÇALVES
RUA PROF. HUGO BALTAZAR DA SILVEIRA
RUA PEDRO AMERICO
BOULEVARD SUIÇO
RUA JOSÉ LEONÍDIO SENA ( RUA DA TELEBAHIA )
RUA PROFESSORA ANFRISIA
BARRIS
RUA DIONISIO CERQUEIRA
ALMEIDA SANDE
RUA THEODORO SAMPAIO
RUA CONSELHEIRO SPINOLA
TRAVESSSA DOS BARRIS
RUA ALEGRIA DOS BARRIS
LADEIRA DOS BARRIS
RUA ROCKFELLER
RUA PROFESSOR FRANÇA
RUA COMENDADOR GOMES COSTA
1ª TRAVESSA ALMEIDA SANDE
2ª TRAVESSA ALMEIDA SANDE
RUA DR. JOÃO RIBEIRO CALDAS
AVENIDA ANDRADE DOS BARRIS
Fonte:G1 Bahia
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