Pratos brasileiros típicos estão presentes na literatura do escritor
baiano.
'Os personagens comem em todos os romances', explica Myriam Fraga.
Feira cultural reúne jovens, famílias e artistas no
Largo do Pelourinho (Foto: Divulgação)
É por meio do paladar que um projeto desenvolvido em Salvador tenta aguçar em
centenas de pessoas o gosto pela obra literária do baiano Jorge Amado. Todos os
últimos sábados do mês acontece o "Merendas de Dona Flor", sempre das 16h às
20h."Apesar de Jorge Amado ter uma obra muito voltada para essa parte de culinária, em todos os seus romances os personagens comem. Dona Flor tornou-se espécie de símbolo disso pelo fato dela ser uma professora de culinária, de ter a vida toda em volta dessa arte", afirma Myriam Fraga, diretora da Fundação Casa de Jorge Amado, que promove o projeto junto ao Centro de Culturas Populares e Identitárias e ao Governo da Bahia.
Uma das receitas prestigiadas na ação foi preparada pelo chef Marcelo Ferreira, do Senac-BA, especialmente para o G1. É um doce de banana. (Confira a receita completa e um bate-papo com o profissional no vídeo ao lado).
Escritora, poeta e especialista na obra do amigo, Myriam Fraga conta que o tema foi sendo aos poucos introduzido na literatura de Jorge Amado. "No primeiro romance [O País do Carnaval, de 1931], ele quase não entra nessa questão, tem apenas a referência de alguma baiana, coisa de passagem. Depois, à medida que ele vai se aprofundando, aparece. Em Suor [terceiro livro, de 1934], isso é interessantíssimo. Não é só culinária no sentido de fazer comida, é como comem os personagens e, através da comida, fica evidenciado o grau de pertencimento deles a um tipo de determinada cultura e ao grau social. Isso é um estudo muito importante e interessante. Os personagens dele comem em todos os romances", afirma a pesquisadora.
(Foto: Imagem/G1 BA)
O projeto
Além de gastronomia, quem for ao largo também vai desfrutar de música, dança e poesia. "O Merendas é também uma feira de cultura popular, em que a gente pretende introduzir alguns costumes, alguns modos de arte, aqui todo na frente da Fundação. É uma tentativa de trazer o baiano para o Pelourinho", aponta a diretora.
Na opinião do gerente administrativo da Fundação Casa de Jorge Amado, Ticiano Martins, o encontro de pessoas é a principal marca do projeto, uma "rede social física", como classifica. "Serve para que as pessoas se encontrem aqui no Pelourinho, circulem na frente da Casa, batam papo, tragam seus filhos. Há estrutura para quem necessita de acessibilidade", diz. Os passeios foram reformados para melhorar o acesso dos cadeirantes e deficientes visuais.
O evento acontece em frente à Fundação e as escadas do imóvel servem de arquibancada. O palco fica no centro, rodeado por barraquinhas em semi-círculo. Além de espetáculos de teatro, música e poesia, há uma exposição digital, projetada na parede externa da Fundação, com fotos de Jorge Amado.
"O Merendas de Dona Flor" está na quinta edição. As próximas duas ocorrem nos dias 28 de setembro e 26 de outubro. Para 2014, Ticiano Martins já aponta novidades. "É possível uma itinerância. A gente gostaria de levar o projeto para Ilhéus e para Cachoeira. Seriam as duas cidades prioritárias para levar o projeto. Lençóis também, já recebemos até um convite", diz o diretor administrativo.
Um segundo objetivo é o desejo de estreitar mais o laço com o público do projeto por meio de redes sociais. "A intenção é promover, no próximo ano, um concurso que as pessoas possam votar nas melhores barracas, nas melhores atrações, a partir dessas ferramentas. A gente já disponibiliza wi-fi no Largo do Pelourinho no dia do 'Merendas' gratuitamente para que já comecem interação. A intenção é que a gente amplie isso e leve para fora, para que ele seja um pojeto continuado", revela o gestor.
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